sábado, 7 de janeiro de 2012

Cartas para Janice Jet' Cleire

Olá Janice, te escrevo já que você não é capaz de ficar quieta e me ouvir. Gostaria que soubesse, pra início de conversa, que eu nunca me importei com suas histórias. Nunca tive nenhum interesse em saber o que tinha acontecido ou deixado de acontecer com você, simplesmente porque você nunca foi ninguém pra mim. Sempre te escutei por mera educação; educação esta que chegou ao fim. Gostaria que soubesse que eu sou um ser humano com tantos problemas quanto você. Eu choro, fico triste e acredite, também tenho sentimentos! Posso não ter andado por becos e ruas tão imundas quanto você, graças a Deus, mas nem por isso minhas histórias são menos intensas e verdadeiras que as que você conta pra todo mundo como se fossem grandes obras literárias. Mas que são apenas babaquices insanas. Já que gosta tanto de falar, deveria organizar seus pensamentos e aprender a se expressar melhor. Ninguém gosta de além de te ouvir, precisar decifrar a cronologia dos fatos pra conseguir entender a história. Gostaria de te contar uma novidade: existe um mundo que não gira em órbita do seu umbigo. Esse mundo se chama a-vida-das-outras-pessoas, mas imagino que não esteja interessada. Gostaria de te contar que nunca entendi o que você me contava pela internet, já até suspeitei que fosse semi-analfabeta, pois o que diz não faz  sentido e é mal explicado. Uma dica é: passe a usar vírgulas, elas facilitam a compreenção de quem sabe ler.. Querida Janice Jet' Cleire, aqui vai mais uma dica: antes de começar a vomitar sua vida nos ouvidos do primeiro coitado que aperece, pergunte se esta pessoa deseja ouvir; o que sempre me indagava enquando vomitava em mim, era, "será que já passou pela cabeça dela a possibilidade deu não estar interessada em ouví-la???". O nome disso é bom-senso, mas temo que ninguém tenha te ensinado o significado disto. Queria ter a oportunidade de te ensinar como é fascinante o mundo das pessoas que ouvem. Elas sabem tudo, elas veem tudo e sentem com todos os sentidos aguçados. Não ouvem apenas as palavras, mas conseguem ouvir como os gestos gritam, como o corpo fala e anceia ser escutado, já que seu cérebro não está ocupado em mandar sinais, mas sim em lê-los e decodifica-los. E o mais incrível é que não ouvem esperando a oportunidade de ser ouvido, mas elas realmente estão interessados em saber. Porém as pessoas desse mundo não gostam de ouvir pessoas como você. Porque você é vazia e gostamos de conteúdo. Você só sabe ficar blábláblando futilidade, enquanto existe um mundo de histórias e ideias realmente boas e construtivas vagando por mentes férteis e almas profundas. Essas pessoas são geralmente aquelas que mais escutam. E é seguindo aquela velha fórmula de que os que falam demais nunca tem nada a dizer e os que não falam muito tem tanto a dizer que acabam não falando nada, que eu baseio minhas convicções. Além, claro, do conhecimento empírico, porque como já deve ter percebido quem sou, sabe que fui sua vizinha por um ano e meio; e me sinto heroína por ter convivido esse tempão com você. Te mando essa carta te pedindo que, por favor, não me procure mais. Não me mande e-mails, não me telefone e nem pense em vir aqui. Não foi atoa que me mudei. Sua comida tem cara de vômito, como o que você diz. Sua boca fede a bosta, como o que você pensa. E você, bem, já deve ter ficado claro o que penso de você. Existem vários mundos longe de sua vidinha medíocre, e o ápice da felicidade é saber que eu vivo em um onde você nunca mais terá a oportunidade de cuspir no meu olho enquanto me aborrece.


Com carinho, você sabe quem.

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